Yoga na escola
Relato de experiência em Nova Lima/MG
Estou atuando em escolas municipais de Nova Lima no programa escola em tempo integral. São diversas oficinas, sendo uma delas o Yoga (que chamamos por lá de Bem-Estar).
Trocar o nome da oficina ajuda a afastar o preconceito com o yoga de quem ainda não compreende a prática. E amplia a atuação da professora: vou além das técnicas, mesmo porque, dentro de sala, com tantas crianças, carteiras e pouco espaço livre, precisamos ser criativas e adaptar a prática.
Pois bem, depois de um mês de aulas, sendo apenas um encontro semanal com cada turma, consegui compreender melhor qual yoga vou levar para essas crianças.
Crianças que se denominam adolescentes, com apenas 10 anos.
Respirar bem é essencial. Muitos estranharam o que sentem no corpo quando respiram com atenção: "ai, professora, senti uma coisa nas costas (apontando para as costelas)..." "nossa, minha garganta tá coçando" e por aí vai.
A coluna vertebral já está comprometida e alguns já afirma serem corcundas... Então exercícios para que entendam as possibilidades de movimento da coluna e parar um pouco para perceber como se sentem depois de se mexer. Na hora do exercício é um tal de "ai, dói", "não consigo", "cansa". Logo depois "que sensação boa" "que gostoso".
Saber concentrar é o grande desafio, e nenhum exercício funciona se antes eles não sabem RELAXAR.
Então o tempo de yoga nidra é precioso. Até que conseguem acomodar o corpo, silenciar... se foram uns bons minutos da aula. Mas aos poucos vão entendendo o valor deste momento e muitos já pedem aos colegas para colaborar "quero relaxar, fiquem quietos".
Fomos ao gramado tentar postura de árvore com os pés no chão!
Tentei algumas técnicas RYE para o viver juntos, que é o exercício dos yamas (não-violência, não roubar, falar a verdade, não desvirtuar a sexualidade, não se apegar), mas o que foi mais efetivo foi a ida ao parquinho. E vejam o que percebi:
- quando estão em sala, sentados, corpo parado, a mente dispara e vêm as músicas terríveis do funk, as associações maldosas em qualquer palavra dita pela professora ou colegas, os palavrões, as agressões.
- quando estão no parque, descalços, livres para brincar, eles sorriem, gritam, inventam brincadeiras, correm, se penduram de cabeça pra baixo, balançam alto, giram...
Todo esse MOVIMENTO espontâneo faz brotar (cientificamente eu falaria de hormônios, mas aqui vou falar pela imagem que vi) verdadeira alegria de viver nessas crianças.
Além disso também teve como resultado:
- criança com enjoo
- criança perguntando sobre depressão (porque não sabia lidar com a alegria que sentia depois de tanto brincar)
- criança chorando porque soltou, durante o amplo balançar, tudo que guardava em si.
Pretendo sempre finalizar as aulas do mês com parque. E depois venho compartilhar como estamos caminhando.
Namastê!
P.S.: não voltei pra compartilhar como caminhamos, coloquei no aplicativo de fotos, que desabilitei depois. Mas para quem estiver curioso, caminhamos super bem. Foi um dos melhores anos da minha vida.



